À esquerda houve grande indignação com a comunicação do Presidente da República, especialmente com aquilo que consideram ser uma exclusão inaceitável da CDU e do Bloco de uma solução de governação. Lembra o Mr. Brown, e bem, que há 15 anos, quando cabia a Portugal a presidência da União Europeia, o Primeiro-Ministro António Guterres apareceu nas televisões com ar grave para ameaçar a Áustria de suspensão de contactos políticos caso o «governo de Viena [viesse a] integrar elementos do partido de extrema-direita de Joerg Haider». Um partido que tinha acabado de obter em eleições um resultado de 26,9% (1 244 087 votos). Na altura, perante os aplausos do mainstream político, o líder do PS afirmou até «que a UE não é apenas um mercado único e uma moeda única, mas "uma União baseada num conjunto de valores e de princípios e uma civilização comum"».
Por muito injusta e anti-democrática que seja a política de «cordão sanitário», constitui uma prática corrente em muitos países europeus. Basta lembrar os casos do Vlaams Belang na Bélgica e do Front National em França, que se vêem repetidamente excluídos de quaisquer soluções de coligação pelas restantes forças políticas. Esses casos, longe de serem uma novidade, nunca suscitaram a mais pequena indignação por parte dos que agora criticam Cavaco Silva. Antes pelo contrário. Todos os partidos são iguais, mas há alguns mais iguais do que outros, não é?
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