Quinta-feira é o dia



«Amor Combate», Linda Martini.

Sigo os Linda Martini desde Olhos de Mongol. Na altura mudaram completamente a paisagem musical em Portugal. Com uma abordagem crua e violenta, estavam longe da sonoridade imediata que se ouvia. Talvez involuntariamente, foram uma espécie de porta-estandartes de uma nova geração do rock que surgiu a tocar e a cantar em português. Hoje, com três discos editados (Turbo Lento saiu no final de 2013, mas para mim Casa Ocupada continua a ser o melhor), o respeito da crítica e uma fiel legião de fãs, são praticamente uma instituição. Há quem lhes cole o rótulo de pós-rock, embora eles odeiem a expressão. Eu também não gosto. Todos os elementos partilham a passagem pelo hardcore e essa herança continua ainda presente, a vários níveis. E embora a sonoridade se tenha tornado mais polida, nunca perdeu o ímpeto de outros tempos. Inexplicavelmente, ao longo destes anos nunca surgiu oportunidade de os ver ao vivo. Até agora. Na próxima quinta-feira vou estar na cave do Lux para um concerto esgotadíssimo que promete ser memorável. Espero que não esqueçam as origens. Como este «Amor Combate».

As palavras dos outros (VII)

«Poderíamos começar pelas imagens dominantes dos jovens em muitos registos televisivos (e publicitários). Os modelos mais fortes definem-nos como patetas alegres, não poucas vezes enredados na estupidez humana da “reality TV” (observe-se a mediocridade existencial da MTV que, nas suas origens, foi uma poderosa força de transformação cultural). Em muitos programas, não necessariamente de “entretenimento”, os mais novos surgem reduzidos à imagem fútil de ursinhos amestrados de quem apenas se espera que encenem algum disparate cada vez que se coloca uma câmara à sua frente. Dito de outro modo: nas linguagens televisivas, o jovem é, quase sempre, uma personagem festivamente irresponsável.»

João Lopes
in Sound + Vision.

Vinte anos (2)



«Loser», Beck.

Na verdade, a faixa foi lançada em 1993, enquanto single. Reza a lenda que o teledisco custou 300 dólares, uma pechincha para um tema que se tornaria um clássico intemporal. Foi o primeiro grande sucesso de Beck e seria incluindo em Mellow Gold, em Março do ano seguinte. Passam agora vinte anos. O tempo passa mas há coisas que não mudam. Continuamos perdedores.