Houellebecq vintage

"O desejo sexual incide essencialmente sobre os corpos jovens, e o investimento progressivo do campo da sedução pelas raparigas muito jovens não foi no fundo mais do que um regresso à normalidade, um regresso à verdade do desejo análogo a esse regresso à verdade dos preços que se segue depois a um sobreaquecimento bolsista anormal. O que não impede que as mulheres que tinham tido vinte anos por volta dos "anos de 68" se tenham encontrado, quando chegaram à casa dos quarenta, numa situação ingrata. Geralmente divorciadas, pouco podiam contar com essa conjugalidade — calorosa ou abjecta — cujo desaparecimento tinham feito tudo para acelerar. Fazendo parte de uma geração que — sendo a primeira a fazê-lo num tal grau — proclamara a superioridade da juventude sobre a idade madura, não podiam surpreender-se demasiado por se verem por seu turno desprezadas pela geração chamada a substituí-las. Finalmente, o culto do corpo que tinham poderosamente contribuído para constituir não podia senão levá-las, à medida que as suas carnes se iam tornando flácidas, a experimentar por si próprias uma repulsa cada vez mais viva — repulsa de resto análoga à que podiam ler no olhar de outrem."
Michel Houellebecq
in As Partículas Elementares, Relógio d'Água Editores.

Discos de 2015

em tempos mencionei a minha simpatia por listas. Especialmente listas de discos, que costumo fazer todos os anos no final de Dezembro. Ligeiramente para além do prazo, deixo aqui a minha lista dos melhores discos de 2015:

  • Viet Cong – «Viet Cong»
  • Foals – «What Went Down»
  • Jamie xx – «In Colour»
  • Equations – «Hightower»
  • HEALTH – «Death Magic»
  • Moullinex – «Elsewhere»
  • Mikal Cronin – «MCIII»
  • PISTA – «Bamboleio»
  • Natalie Prass – «Natalie Prass»
  • Tame Impala – «Currents»