Imprensa Pussy


É difícil não simpatizar com as Pussy Riot. Acarinhadas por toda a imprensa ocidental, contam ainda com o apoio declarado de uma extensa frente cultural, que vai desde artivistas como Madonna e Peaches até aos insuspeitos Franz Ferdinand. Incorporando uma estética punk que combina uma atitude iconoclasta e provocadora com a contestação ao rumo da Rússia de Putin, as Pussy Riot tornaram-se as novas heroínas do Ocidente. Assim, a mesma imprensa que condenou o obscuro filme amador que retratava Maomé como um louco sanguinário, rendeu-se aos encantos das meninas que foram encapuçadas para a Catedral de Moscovo gritar contra Putin. Não se estranhe por isso que nem as televisões nem os jornais tenham explorado as ligações das raparigas condenadas ao «colectivo artístico radical» Voina. Entre uma longa lista de performances arriscadas e audaciosas, este é o mesmo grupo que, em nome da arte, celebrou o dia 1 de Maio de 2007 atirando gatos vivos a trabalhadores da cadeia McDonald's. E que, integrando duas das três raparigas condenadas, protagonizou em 2008 uma sessão de sexo ao vivo em pleno Museu de Biologia de Moscovo, em protesto contra a candidatura de Dmitry Medvedev a Presidente. Nadezhda Tolokonnikova (na foto), considerada o cérebro das Pussy Riot e na altura com 18 anos, participou na orgia grávida de nove meses. De facto, daria à luz quatro dias mais tarde. Uma história que infelizmente as redacções do Ocidente não chegaram a publicar, ou porque consideraram que não tinha interesse suficiente ou porque colocava em causa a imagem romântica do colectivo revolucionário que pôs o passa-montanhas colorido na ordem do dia. Uma pena.

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