Duas almas num coração
É curioso que a primeira parte de Nymphomaniac comece e termine ao som de Rammstein. Nos últimos filmes de Lars von Trier, as bandas sonoras têm-se centrado quase exclusivamente em nomes da música clássica (Handel em Antichrist e Wagner em Melancholia), por isso a escolha de uma sonoridade tão forte e agressiva não é muito óbvia. No entanto, existem vários paralelos entre o realizador dinamarquês e a banda da Alemanha Oriental: a consciência do poder da imagem, a espectacularidade cénica, a atitude iconoclasta e provocadora, o gosto pela polémica, a perigosa ambiguidade de certos temas, a aversão e quase desprezo em relação à cultura de massas norte-americana. Será o caso de «duas almas num coração», como lembra a letra de «Führe mich»?
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