A caminho da dominação global
«Afterlife», Arcade Fire.
Para mim, os Arcade Fire são um amor antigo. A minha banda preferida dos anos zero. Com um fervor activista vibrei com a força de Funeral, a abundância de Neon Bible, a introspecção de Suburbs. Vi-os transformar-se em fenómeno de massas. Não pude por isso ficar indiferente ao anúncio da actuação no próximo Rock in Rio em Lisboa. Fiquei triste, porque o circo da Bela Vista não me diz muito, mas compreendo que os Arcade Fire são hoje uma grande banda pop, uma das poucas bandas de estádio numa época de nichos e pulverização de tendências culturais. Não se venderam, mas como é legítimo para qualquer banda querem conquistar o mundo. A colaboração com David Bowie no primeiro single do novo disco não quer dizer outra coisa. De qualquer forma, Reflektor é um excelente álbum. Arriscado, porque actualmente não é qualquer banda que edita um trabalho com quase 90 minutos e várias faixas com duração superior a 6 minutos. Ainda assim, como habitualmente, os Arcade Fire reinventam-se sem abdicar da sua matriz e, acima de tudo, sem desiludir. O vídeo é de «Afterlife» e conta com imagens do filme brasileiro Orfeu Negro, de 1959, que o vocalista Win Butler confessa ter sido uma das principais influências na elaboração de Reflektor.
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