Assim se vê a força do PC
Por ocasião do Congresso do PCP, a edição impressa do Expresso registou o regresso do partido a certos chavões «que nos últimos anos haviam tido menos uso — como a "luta de massas" ou a "socialização dos principais meios de produção e circulação"». Só quem anda distraído pode ficar surpreendido por este back to basics do PCP, como lhe chama o semanário. Desde 2009 que o partido tem vindo a reabilitar, timidamente, a sua iconografia tradicional, juntamente com certas imagens e slogans. Perante a grave situação de crise e incerteza que o país atravessa, o PCP vai ajustando o seu posicionamento, na expectativa de uma redefinição do jogo eleitoral, que tanto baralhou as contas na Grécia. Afinal, o PCP é a força política mais estruturada, organizada e disciplinada neste país. Henrique Raposo, na sua coluna do Expresso da semana passada, afirmava que o PCP ficou preso na «cultura sectária de Álvaro Cunhal», em oposição à «atitude democrática dos eurocomunistas» do PCI/PCF/PCE. É que para o PCP, a Democracia, tal como é concebida no Ocidente, nunca foi uma convicção, mas uma imposição. Esquece-se Henrique Raposo que, apesar de tudo, a estratégia do PCP resultou. Enquanto a abertura do PCI/PCF/PCE teve como resultado a extinção ou a irrelevância, em Portugal os comunistas continuam aí para as curvas, com uma bancada consolidada no Parlamento, o domínio do aparelho sindical, um considerável território autárquico e uma Festa que já entrou no calendário dos Festivais de Verão. Sobreviveu à queda do Muro de Berlim e parece contrariar os que apontavam o Partido como uma excentricidade lusitana e um anacronismo condenado a uma lenta mas irreversível dissolução. Como se viu este fim-de-semana em Almada, o PCP está de boa saúde. E a sua mensagem vai endurecendo.
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