Os Tara Perdida foram a banda sonora da minha adolescência. Conhecia todas as faixas, tinha as letras na ponta da língua. E vi tantos concertos que comecei a conhecer todas as variações das músicas ao vivo. Entre os momentos mais marcantes, lembro-me do concerto do Rock in Rio em 2006 onde entortei a cana do nariz no meio de um mosh, ou do inesquecível concerto na Incrível Almadense que deu origem ao DVD que condensa todos os grandes momentos musicais da banda. Lembro-me ainda do concerto no Sudoeste de 2007, quando os Tara Perdida eram já um fenómeno de massas, em que o mosh transbordava a tenda que dava abrigo ao palco secundário. Em jeito de compensação, no ano seguinte os Tara Perdida tiveram direito ao palco principal e levantaram uma das maiores nuvens de poeira que a Herdade da Casa Branca já viu. Entretanto, o tempo passou e os interesses musicais divergiram. Mesmo assim, na última edição do Super Bock Super Rock aproveitei para matar saudades. Notava-se claramente que os álbuns mais recentes já não tinham a força de outrora, mas a cada grande hit de sempre a assistência reagia como um furacão. Com a incontornável «Batata Frita» à cabeça.
Cheguei a conhecer o Ribas. Na altura, surpreendeu-me a sua simplicidade e honestidade. Com 30 anos de carreira ligado a bandas tão emblemáticas como os Ku de Judas, Censurados e Tara Perdida, a atitude descontraída que tinha em palco era exactamente a mesma que tinha à conversa com amigos, entre umas litrosas. Sem tiques de vedeta, fazia aquilo que mais gostava e dizia abertamente que estava a "cagar-se" para a pirataria. "O que me interessa é que a malta curta a música". Não podemos mais ver-te em palco, mas podemos continuar a curtir a tua música, Ribas. Obrigado por tudo e até sempre!